Falar em obesidade e não mencionar as dificuldades que a doença traz consigo é um crime e ao cometê-lo reduzimos a questão do sobrepeso apenas ao que diz respeito à estética e saúde física. Existem inúmeras questões que orbitam em torno da obesidade. A dificuldade do obeso em utilizar meios de transportes é uma delas, e é exatamente a este assunto que este post se refere.
Para deixar tudo em seu devido lugar, esclareço que compartilho aqui MINHAS experiências e independente de constrangedoras ou não, equivocadas ou não, são fatos que eu vivi/presenciei
A verdade é que o mundo não está preparado para "receber" esta população de obesos, que por sinal só cresce. Já é de conhecimento de todos que os aparelhos de infraestrutura básicos não foram planejados para cidadãos obesos. Muito fácil perceber isso em transportes públicos, especialmente os ônibus com catracas cada vez mais apertadas, corredores mais apertados e assentos demarcados, limitando assim o "espaço de cada um", como se houvesse uma forma padrão para os "bumbuns". Diversidade para quê, não é mesmo?
Há quem diga que a situação nos ônibus em muito melhorou. Veja só já existem, inclusive, assentos com plaquinhas indicativas que só faltam falar: "Ei, gordão aqui é o seu lugar"! Gostaria que neste momento levantassem a mão quem já fez uso consciente desses assentos? Eu , nunca! E para ser sincera, fujo de tais assentos como se eles não existissem, afinal não preciso de mais um rótulo.
Tudo bem, posso até fazer um esforço tremendo e encarar os "assentos especiais" como um avanço conquistado pela "classe", mas eles não resolvem o problema, pois para chegar até eles é preciso passar pelo terror chamado catraca/roleta. Já suo frio só de mencionar esse nome. Para o obeso que percebe que a roleta não é compatível com o seu tamanho, restam poucas opções: ficar em casa deprimido e evitar trajetos que necessite do ônibus, chamar um táxi e perder uma boa grana ou enfiar a vergonha debaixo do braço e pedir que seja aberta a porta traseira onde todos, absolutamente todos, olharão com pelo menos um dos sentimentos: pena, indignação por uma situação que não lhe diz respeito, recriminação ou zombação. Há aqueles que quebram com o código de ética imposto pelas práticas politicamente corretas e se escondem no anonimato da internet para fazer declarações como essas:
Tudo bem, posso até fazer um esforço tremendo e encarar os "assentos especiais" como um avanço conquistado pela "classe", mas eles não resolvem o problema, pois para chegar até eles é preciso passar pelo terror chamado catraca/roleta. Já suo frio só de mencionar esse nome. Para o obeso que percebe que a roleta não é compatível com o seu tamanho, restam poucas opções: ficar em casa deprimido e evitar trajetos que necessite do ônibus, chamar um táxi e perder uma boa grana ou enfiar a vergonha debaixo do braço e pedir que seja aberta a porta traseira onde todos, absolutamente todos, olharão com pelo menos um dos sentimentos: pena, indignação por uma situação que não lhe diz respeito, recriminação ou zombação. Há aqueles que quebram com o código de ética imposto pelas práticas politicamente corretas e se escondem no anonimato da internet para fazer declarações como essas:
Cesar W
Só espero que não venham com a história de lugar preferencial para gordos. O idoso não pode rejuvenescer. O Deficiente não pode se restabelecer. A grávida não pode deixar a barriga. Mas o gordo pode emagrecer. Fecha a boca pra passar na roleta como todo mundo.
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Ou como esta aqui:
Fabio NogueiraRio de Janeiro, RJ5 meses atrás
Odeio esses gordos..A maioria é gordo porque quer (eu diria 90%) sempre vem com a desculpa que come qualquer coisa e engorda, mas vc vai ver a pessoa no dia dia e come pra caramba.... A empresa não tem culpa, o que ela vai fazer? Colocar roleta ExtraGigante?(Eu conheço esse onibus, a mulher devia ser muito gorda pra não passar pela roleta)... Ai entra no onibus, empurra todo mundo (esse onibus vive cheio) e quando tem lugar senta no banco e esmaga a outra pessoa que esta sentado do lado (ocupa 2 vagas no banco, devia pagar 2 passagens)... Ta virando moda culpar a Gula dos gordos nos outros.
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Ou esta:
Fabio NogueiraRio de Janeiro, RJ5 meses atrás
Se a pessoa quer continuar na gula e não ser "normal", que ande de carro ou taxi...Agora por favor, não atrapalhem o "conforto" que já é precario das pessoas normais, porcausa de sua gula. (OBS:Estou falando isso para as pessoas obesas para cima)
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Lamentável.

Aproveito para esclarecer que, apesar do meu peso, nunca cheguei a entalar em uma roleta, porém NUNCA passei com folga ou sem medo de que houvesse o tal "entalo". Já deixei de fazer muitas coisas e também já precisei alterar meu trajeto para evitar o uso do ônibus, mas em certos momentos é inevitável.
O problema não se restringe aos ônibus, o problema se repete em barcas onde as cadeiras também são demarcadas e possuem braços, nos trens (que também faço uso) onde foi criado um "contrato social" entre os passageiros que estabelece que em cada banco cabem, obrigatoriamente, 08 pessoas, independente do tamanho da busanfa do seu colega de viagem. A situação nos trem também é complicada, já presenciei discussões sérias por conta da briga pelo lugar. Pessoal, não é preciso muito esforço para perceber que as pessoas possuem medidas diferentes e quando o assunto é limite do espaço a questão "padrão" deveria ser invalidada, mas não é. A sociedade não tolera os obesos, não há perdão para aqueles que padecem desse mal.
Outro meio de transporte que causa polêmica é o avião e põe polêmica nisso! Sem querer discutir direitos, leis e afins, afirmo apenas que uma viagem de avião para um obeso pode ser um pesadelo. Mais uma vez, falo por mim. No entanto, fiz algumas buscas por aí e vi que não estou sozinha. Minha experiência recente diz que viajar pela Gol é suicídio. Atentem que não está em jogo a péssima qualidade no atendimento e nem a falta do famoso lanchinho à bordo (que é cobrado à parte), mas sim o conforto que é negado ao passageiro "normal" e ao sofrimento oferecido ao obeso.
Até o meu retorno do RN, não tinha tido a oportunidade de voar Gol, até porque sempre fiz questão de escolher as empresas que me levariam ao meu destino, porém nesta ocasião a compra das minhas passagens foi feita pela empresa e aí o que manda é preço, o menor, é claro. Ao oferecer passagens por preços mais em conta, a empresa acaba empurrando o prejuízo para o consumidor que morre de felicidade por descobrir que agora pode voar para Buenos Aires pagando pouco, mesmo que para isso seja necessário ficar horas em uma pequena sessão de tortura.
Estou exagerando? Pode ser, mas não há quem diga que os voos da Gol sejam excelentes, eles apenas cumprem o com o papel e ponto. Conforto e economia? Ora, você já está querendo demais!
Estou falando isso apenas para dizer que obesos não tem vez nesta empresa. Assentos muito menores que o "normal", micro espaço entre as poltronas, minúsculo intervalo entre as fileiras e cinto de segurança um pouco menor são itens que ganhamos ao comprar um bilhete Gol. Fiz uma boa viagem, mas isso deve ao fato de, em primeiro lugar, ter conseguido lugar ao lado da minha amiga que não se importou quando precisei invadir, ainda que minimamente, seu espaço e também porque o comissário foi muito gentil (ponto positivo) e tratou com extrema naturalidade quando eu pedi um extensor para o cinto. Sim, foi preciso. A necessidade só existiu por conta de míseros centímetros, mas aconteceu. Também tratei a questão com muuuiita naturalidade, achei o melhor caminho, visto que não queria fazer daquele momento um dramalhão. Discretamente fiz o pedido, acredito que apenas a pessoa que respirava no meu cangote, mesmo sentada na fileira ao lado, percebeu a situação. Pouco me importei com ela. Na verdade pouco me importei com tudo, não tinha outra saída. Só acho que o tal extensor não precisava ostentar um laranja tão forte e destoante do cinza que colore o cinto do assento, mas só. Risos.
Até o meu retorno do RN, não tinha tido a oportunidade de voar Gol, até porque sempre fiz questão de escolher as empresas que me levariam ao meu destino, porém nesta ocasião a compra das minhas passagens foi feita pela empresa e aí o que manda é preço, o menor, é claro. Ao oferecer passagens por preços mais em conta, a empresa acaba empurrando o prejuízo para o consumidor que morre de felicidade por descobrir que agora pode voar para Buenos Aires pagando pouco, mesmo que para isso seja necessário ficar horas em uma pequena sessão de tortura.
Estou exagerando? Pode ser, mas não há quem diga que os voos da Gol sejam excelentes, eles apenas cumprem o com o papel e ponto. Conforto e economia? Ora, você já está querendo demais!
Estou falando isso apenas para dizer que obesos não tem vez nesta empresa. Assentos muito menores que o "normal", micro espaço entre as poltronas, minúsculo intervalo entre as fileiras e cinto de segurança um pouco menor são itens que ganhamos ao comprar um bilhete Gol. Fiz uma boa viagem, mas isso deve ao fato de, em primeiro lugar, ter conseguido lugar ao lado da minha amiga que não se importou quando precisei invadir, ainda que minimamente, seu espaço e também porque o comissário foi muito gentil (ponto positivo) e tratou com extrema naturalidade quando eu pedi um extensor para o cinto. Sim, foi preciso. A necessidade só existiu por conta de míseros centímetros, mas aconteceu. Também tratei a questão com muuuiita naturalidade, achei o melhor caminho, visto que não queria fazer daquele momento um dramalhão. Discretamente fiz o pedido, acredito que apenas a pessoa que respirava no meu cangote, mesmo sentada na fileira ao lado, percebeu a situação. Pouco me importei com ela. Na verdade pouco me importei com tudo, não tinha outra saída. Só acho que o tal extensor não precisava ostentar um laranja tão forte e destoante do cinza que colore o cinto do assento, mas só. Risos.
Informo ainda que o meu descontentamento com a empresa Gol não está relacionado ao incidente com o cinto, mas com o serviço em si. Na ida voei pela Azul e recomendo de olhos fechados. Esta também foi minha primeira experiência com a Azul e já decretei que será a empresa oficial daqui de casa. Já tive experiências em outras empresas (Tam, Pluna, Lan, Iberia) e o desconforto e o lance com o cinto só aconteceram com a Gol, seria azar o meu? Tenho dúvidas.
Enfim, isso tudo só para dizer que mais uma vez os obesos perdem. Se não bastasse o preconceito, a dificuldade na compra de roupas, a questão da saúde propriamente dita e da padronização do individuo, o obeso ainda precisa criar alternativas para fugir da padronização dos equipamentos públicos e privados.
Claro que muitos dirão que a única solução é um emagrecimento coletivo. O problema do gordo é ele ser gordo, oras! Sabemos que não é tão fácil assim. Então, qual é a solução? Sinceramente não sei.
Sei apenas que a minha escolha pelo emagrecimento não pode ser justificada pela falta de infraestrutura na cidade, no estado e no país onde moro. A minha escolha está pautada na busca por uma qualidade de vida que EU julgo ideal para mim. Não são os aparelhos urbanos de locomoção que devem ser indicadores de excesso de peso e/ou obesidade.
Ok, foi um desabafo.

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